sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sobre o Cineclube Belém Insular

CINECLUBE BELÉM INSULAR

APRESENTAÇÃO, FORMAS DE PARTICIPAÇÃO E FUNCIONAMENTO


 

Cinema nas ilhas de Belém – o Cineclube Belém Insular


 

Os amantes do cinema não podem reclamar da qualidade e até do volume da difusão de cinema na capital paraense. Lhes é facultado constatar a existência de cinemas e cineclubes, muitos deles, inclusive, em movimento convergente de organização, em vias de consolidarem entidade máxima de representação. Poucas cidades brasileiras desfrutam o gosto de salas como a dos cinemas Líbero Luxardo, Olympia e Maria Silvia Nunes, ou de cineclubes de fecunda atividade como o Alexandrino Moreira, o Pedro Veriano, ou o cine CCBEU, só para citar um punhado deles. Há projetos notáveis como o INOVACINE, da Fundação Estadual de Pesquisa FAPESPA, ou CineEscola Amazônia da SEDUC/UEPA, e até mesmo associações mobilizadas em torno do tema como a APCC, de críticos de cinema, e a APJCC, de jovens críticos.

Sentindo-nos tentados a participar desse denso movimento, ressentimos, ao mesmo tempo, nós trabalhadores e moradores das ilhas de Belém, que, infelizmente, muito pouco dele tenha abarcado com igual intensidade a radical territorialidade de nossa capital. Ora, Belém, embora parte de seus cidadãos ignore isso, é um município que guarda diferenças radicais em sua composição. Assim, do mesmo modo que se tem a sensação de se estar numa metrópole mundial ao se flanar, talvez, pela Presidente Vargas, não se consegue conter o sentimento próprio de deslumbramento com a natureza amazônica, há vinte minutos de Icoaraci, na atmosfera bucólica da ilha de Jutuba. Expressão dependente de equipamentos e condições técnicas para sua difusão, o cinema, como outros bens e serviços, alguns essenciais, acompanha essa polarização, que é, em certa medida, excludente.

Entretanto, esse quadro começa a sofrer alterações - para melhor. Aproveitando as políticas oficiais de editais, que são demandas sociais oriundas de conferências e pesquisas, temos o gosto de anunciar o nascimento do CINECLUBE BELÉM INSULAR, uma estratégia de superação de algumas dessas demandas relacionadas ao cinema.


 

De onde vem, pra onde vai


 

O Cineclube Belém Insular é fruto ao mesmo tempo de uma parceria e de uma política. A parceria se deu através da articulação entre o MMIB (Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém, com sede na ilha de Cotijuba) e a Fundação Escola Bosque. Enquanto o movimento da sociedade civil organizada entrou como proponente do projeto, o órgão público dispôs estrutura física e humana para que se pudesse efetivá-lo. O Edital Cine Mais Cultura Pará, foi a política que permitiu o acesso aos equipamentos, parte importante do acervo cinematográfico e à capacitação, através de oficinas, dos responsáveis principais por efetivar o projeto. Tal política é a manifestação, no estado do Pará, da Ação Cine Mais Cultura, Programa Mais Cultura do Ministério da Cultura do Brasil, em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado do Pará (SECULT).

Os equipamentos recebidos – videoprojetor, sistema de som 2.0, tela, microfones e cabos –, encontraram inevitável parentesco com atividades semelhantes ou afins desenvolvidas nas duas instituições. Enquanto o MMIB vinha trabalhando, através do projeto Conexão Digital, a confecção de pequenos vídeos e ensaios fotográficos sobre o cotidiano das ilhas, na Escola Bosque, muitos educadores mobilizavam o cinema em seus projetos pedagógicos, valendo-se da linguagem áudio-visual como discurso e também como recurso indispensável aos objetivos de suas disciplinas. Não foi difícil, diante desse quadro, visualizar a parceria.

O Cineclube se efetivará através de sessões semanais sempre no mesmo dia (terça-feira), local (Escola Bosque, em Outeiro) e horário (18:30h). Ocorrerão, além dessas, a sessão quinzenal em Cotijuba (matinal, aos sábado, na UP Faveira), e as sessões extras, a serem programadas. A intenção do Cineclube é que todas as sessões sejam comentadas ou debatidas.


 

É como coração de mãe...


 

Um Cineclube não é nada se não cativar um público. E mais: não pode entender esse público apenas como alguém a quem vai oferecer uma projeção de cinema. Por isso, o Cineclube Belém Insular está buscando formas de participação as mais democráticas possíveis. Os interessados poderão, dentro de um primeiro esquema, participar como Associado, ou conformar o Grupo de Pesquisa e Experimentação em Cinema e Cineclubismo (inclusive, neste primeiro momento do projeto, contribuindo com sua fundação), ou, ainda, compor, conforme sua disponibilidade, a equipe de coordenação do Cineclube. Por fim, há simplesmente a possibilidade de se assistir às sessões, expressar opiniões sobre as obras exibidas, incrementar os debates.

Convém deixar claro que são direitos dos associados e dos demais participantes de quaisquer atividades do Cineclube, inclusive daqueles que freqüentam as sessões, desde que respeitado um planejamento prévio, formatarem exibições, promoverem debates em torno de temas que lhe sejam caros, colaborarem na gestão, criticarem e sugerirem. Os que compuserem o grupo de pesquisa e experimentação poderão, ainda, dispor da estrutura material e humana existente para trabalhar a produção de material áudio-visual, dentro das possibilidades do que há disponível no Cineclube.


 

Cineclubismo no universo escolar


 

Das características mais notáveis do Cineclube Belém Insular é sua relação com a Fundação Escola Bosque, uma instituição com atuação dentro das áreas de educação e meio ambiente, dois temas com que o cinema tem se relacionado e exprimido. Tem sido motivo de grande discussão entre críticos, realizadores e amantes do cinema a capacidade e a possibilidade pedagógica do cinema, assim como sua tendência de apropriação e expressão dos mais variados temas humanos. O passado e o futuro, a herança cultural da humanidade, os mitos e os costumes: o cinema, em pouco mais de um século de vida, engoliu e digeriu a realidade, repensou o que já foi, discursou sobre o porvir. Poderia a educação ignorar-lhe a amplitude e o acolhimento que a humanidade atribui à chamada sétima arte?

O cineclube Belém Insular acredita que o cinema, sobretudo quando é difundido na forma de cineclube – isto é, desatrelado de imposições comerciais, com sua programação demandada por um público que sabe o que quer –, possui a potência inestimável de ampliar o entendimento dos motivos pedagógicos, acrescentando-lhe o ponto de vista áudio-visual. Se não ignorarmos a difusão universal do cinema, veremos que isso não é só possível, como urgente.

Não se trata, dentro da proposta deste cineclube, de apenas ilustrar, com uma exibição de cinema, um tema qualquer. Trata-se, isso sim, de aproveitar o ângulo de expressão do cinema, sua linguagem, seu contexto de produção, como meio de acesso ao objeto de conhecimento, seja tal objeto tema da aula de filosofia, matemática ou qualquer outra disciplina do contexto escolar e até extra-escolar. A natureza da linguagem cinematográfica – síntese da fotografia, da literatura, do teatro, das artes plásticas –, leva certos filmes a exprimirem temas que atravessam, ao mesmo tempo, várias disciplinas dos currículos escolares, num mosaico interdisciplinar riquíssimo.

Buscando dinamizar da melhor forma a inserção do cinema na sala de aula, o Cineclube Belém Insular promoverá sessões regulares e extras em que possam coexistir o direcionamento pedagógico a um grupo determinado de alunos e o gosto do público geral. O debate, que nesses casos inclui a participação de educadores, enriquece ambos os grupos. O planejamento de tais sessões se fará entre os educadores e/ou alunos e a equipe do cineclube.


 

Querendo ajudar, a gente aceita


 

Qualquer noviço cineclubista sabe que sua atividade, embora sendo sem propósitos econômicos, possui um custo. No caso do Cineclube Belém Insular, esse custo não inclui o acesso aos equipamentos, que já se dispõe, e sim a manutenção das atividades – as impressões do material de divulgação, dos folhetos explicativos, a aquisição de livros sobre cinema e DVDs com filmes, o transporte e alimentação de sua equipe. Daí, a abertura e até a necessidade de colaboradores para dar prosseguimento às atividades.

Rogamos, então, aos admiradores do cinema e aos incentivadores solidários que, quando possível, ajudem o Cineclube Belém Insular em quaisquer das seguintes ações: doação de livros e/ou DVDs; impressões de banners, cartazes, informativos ou fotografias; disponibilização de equipamentos de captação e edição de obras áudio-visuais; realização de oficinas teóricas, críticas ou práticas sobre cinema, ou cursos e mini-cursos afins; doação de quantias em dinheiro; ajuda ou mediação no estabelecimento de parcerias com grupos e pessoas da área do cinema. O Cineclube Belém Insular se encarregará de prestar, de forma transparente, todas as contas referentes ao que vier a receber de colaboradores.


 

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